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Desafios e benefícios da ternura na vida consagrada

22/08/2023

Desafios e benefícios da ternura na vida consagrada

Ternura na vida consagrada. Você provavelmente já se deparou com o Papa Francisco falando sobre esse tema, afinal, tem sido recorrente em suas homilias, discursos, encíclicas e exortações.  

No entanto, nem sempre sabemos como colocar em prática a ternura na vida consagrada. E muitos ainda se questionam se de fato isso faz diferença na vivência da vocação e no serviço ao Reino de Deus.

Mas não importa quais são as suas dúvidas, porque aqui vamos dar algumas pistas que certamente ajudarão a sair da teoria e passar para a prática. Portanto, continue sua leitura!

O que é ternura?

Vamos começar por compreender o que é a ternura. Muitos de nós compreendemos a ternura como um dos sentimentos mais belos que o ser humano é capaz de sentir. Ele está diretamente relacionado à bondade e à compaixão, ou seja, algo que Jesus demonstrou em toda a sua vida pública.

Logo, a ternura é capaz de causar em nós uma sensação de conforto, carinho e amor, que nos faz sentirmos bem conosco mesmo, com os que estão ao nosso redor e até mesmo com Deus.

Além disso, a ternura é também uma maneira de expressarmos amor, gentileza, carinho, aceitação, acolhimento, cuidado etc., essa lista pode ser numerosa. Logo, a ternura na vida consagrada nos leva a estabelecer relações afetuosas e de confiança.

Por isso é tão importante reconhecermos a necessidade da ternura na vida consagrada.

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Você já experimentou a ternura na vida consagrada?

Será que você, particularmente, já foi alvo da ternura por parte de alguém? Alguma vez você foi visitar alguma família que, mesmo sendo a mais humilde, financeiramente falando, ofereceu um cafezinho passado na hora, um biscoitinho, uma fatia de bolo como sinal de acolhida? Ou mesmo que essa família não tivesse nada a oferecer para comer, mas todos trataram você com atenção e com um carinho que se manifestava no olhar?

Alguma vez você já encontrou alguém que nem conhece direito, seja na igreja ou em outro ambiente, mas olhou com alegria e deu um grande abraço?

Tudo isso são manifestações de ternura!

E as pessoas agem assim porque reconhecem na vida consagrada a presença de Deus e sentem por ela um amor que é movido pelo amor divino. Logo, a ternura de que você foi alvo tem como fonte o próprio Deus.

Por outro lado, a vida consagrada é convidada a derrubar todos os muros que levantou em torno de si para evitar sentimentos como a ternura de Deus, baseado no conceito de que fé não é sentimentalismo. E de fato não o é. Porém, o Papa Francisco nos recorda que a ternura é o antídoto ao medo em relação a Deus, porque “no amor não há temor” (1Jo 4,18), porque a confiança vence o medo. Portanto, sentir-nos amados significa aprender a confiar em Deus, a dizer-lhe, como Ele quer: ‘Jesus, confio em ti’”. 

Agir com ternura na vida consagrada

Ser alvo da ternura, seja das pessoas e muito mais do próprio Deus, é algo muito bom e transformador. Há quem testemunhe que a ternura pode nos proporcionar curas interiores.

Além disso, o Papa Francisco nos ensina que “a ternura é o primeiro passo para superar o fechamento de si mesmo e sair do egocentrismo que deturpa a liberdade humana”. E que “a ternura de Deus nos leva a entender que o amor é o sentido da vida”.

No entanto, não podemos apenas experimentar a ternura, mas precisamos ser ternura para o outro. E “se Deus é ternura infinita, o ser humano, criado à sua imagem, é também capaz de ternura”, nos recorda o Sumo Pontífice.

E na concepção do Papa, ser capaz de ternura é “derramar no mundo o amor recebido do Senhor”.

Logo, a ternura na vida consagrada é a capacidade de mostrar ao outro que o aceitamos como ele é, que o amamos porque vemos nele a pessoa do próprio Cristo. Um benefício para o outro, mas também para nós, já que, quando agimos com ternura, nos permitimos crescer em todos os aspectos de nossa vida.

Sem contar que, quando somos ternos com alguém, também nos sentimos envolvidos pela ternura.

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Gestos concretos de ternura na vida consagrada

Talvez o grande desafio para muitos seja saber como agir com ternura na vida consagrada. E isso é normal, já que o cotidiano da vida consagrada é cheio de adversidades, sem contar as grandes demandas do trabalho pastoral.

Além disso, contrário ao que hoje nos convida o Papa Francisco, ou seja, à revolução da ternura, muitos religiosos, no seu tempo de estudo e preparação, foram orientados a não criar vínculos com o povo de Deus. E como resultado disso muitos, acabam buscando meios de se manterem insensíveis ou distantes das ovelhas do rebanho do Senhor.

Por isso, vamos listar alguns exemplos práticos de como praticar a ternura na vida consagrada. São gestos muito simples, você pode se surpreender, mas podem causar uma transformação na vida das pessoas. Acompanhe!

  • Cumprimentar a todos com alegria, mesmo quando a dor consome por dentro;
  • Agradecer a todos por qualquer gesto;
  • Usar sempre palavras brandas, mesmo quando é necessário corrigir alguém;
  • Ouvir sempre com atenção aquele que precisa conversar, ainda que sejam assuntos desinteressantes a você;
  • Cumprimentar as pessoas com um abraço sincero;
  • Conversar com as pessoas olhando fixamente em seus olhos;

Essas são apenas algumas pistas, mas, certamente, o Espírito Santo de Deus pode indicar a você muitas outras atitudes de ternura na vida consagrada.

O primeiro passo é abrir-se a essa experiência e desejar colocar a ternura em prática, e não faltarão oportunidades para isso.

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