História

O Centro de Revitalização Âncora, instituição voltada ao tratamento e revitalização de sacerdotes e religiosos é hoje uma realidade viva na Igreja, com uma missão específica que é fruto de um chamado único de Deus. Esta realidade atuante é o resultado de um processo dinâmico, cuja história vem sendo construída gradativamente através da aprendizagem e da escuta de Deus. 

Nasceu quando da dificuldade de oferecer a uma religiosa específica o atendimento adequado para o revigoramento de sua saúde mental. O fato gerou uma forte inquietação diante da necessidade real e da carência de opções. Uma determinada religiosa tinha muita dificuldade para dormir, o que lhe causava profunda angústia, pois o processo depressivo já estava se instalando gravemente. Os questionamentos se apresentavam: cuidamos de tantas pessoas, mas quem cuida de nós? Que tipo de serviço de saúde é hoje preparado para acolher sacerdotes e religiosas(os) em dificuldade? De que forma essas(es) irmãs(ãos) estão sendo vistos, cuidados e amados? Estas perguntas demandam uma resposta. Era como se Deus estivesse fazendo uma nova proposta através desta necessidade que se apresentava aos olhos e ao coração da Igreja. 



Como não se conhecia um projeto de acolhimento específico para religiosos e sacerdotes, iniciou-se a busca e a troca de ideias e informações com pessoas dispostas a ajudar a entender o que se poderia fazer e qual seria a vontade de Deus. O primeiro diálogo foi com o fundador das Irmãs da Copiosa Redenção, Pe. Wilton Moraes Lopes, CssR. Ele ouviu as angústias apresentadas e, em resposta, disse que se essa fosse uma necessidade dos tempos atuais, o projeto deveria continuar. Neste momento específico, tinha apenas uma ideia, nada mais! Pensava-se em um local de acolhimento e ajuda para religiosos, porém sem nada delineado, nada de concreto. Eram apenas indagações e suposições. Mas a busca prosseguiu.


Num encontro com o Dr. Maurício Nasser Ehlke, médico psiquiatra que atendia algumas irmãs da congregação e que já tinha alguma experiência nessa área, a ideia foi tomando corpo. Depois disso, também o Dr. Agostinho Busato, psicólogo do IATES (Instituto de Aconselhamento e Sentido do Ser), que atuava na formação de religiosos, foi informado desta inquietação. Para sua surpresa, Dr. Agostinho disse que o próprio IATES, ainda no início deste milênio já havia pensado e refletido a respeito, pois já percebia a necessidade real, porém, dadas as limitações de então, o projeto não fora concretizado. Foi então que se decidiu agendar uma reunião para discutir a proposta com outros profissionais da área. 

Diante das dificuldades reais, o projeto foi confiado à tutela de São José (simbolicamente, foi colocada uma chave nas mãos da imagem do pai adotivo de Jesus), pedindo que ele intercedesse para que a vontade de Deus se realizasse. Por um mês, ninguém  se pronunciou sobre o assunto. Em 13 de agosto de 2011, Pe. Wilton telefonou, perguntando sobre o andamento do projeto. Mediante a resposta negativa ele exortou para se continuar, e pediu para não desistir da ideia, pois que as dificuldades seriam superadas.


Ainda em 2011, decidiu-se iniciar o projeto com o que era possível e disponível naquele momento. Havia um espaço, no Lar de Idosos Adelaide Scarpa, que poderia ser adequado para acolher os primeiros religiosos. Foram utilizadas a cozinha, refeitório e lavanderia do Lar e, num espaço reservado, aconteciam as atividades relativas ao projeto. Atentos aos sinais da nova obra, benfeitores da Copiosa Redenção fizeram doações significativas (aproximadamente duzentos mil reais). E assim o sinal de Deus se manifestava.


O primeiro grupo era composto por 5 pessoas: 2 sacerdotes, 1 religioso e 2 religiosas. As atividades tiveram início no dia 27 de Maio de 2012. Com o passar do tempo, o trabalho foi se estruturando e a procura aumentou significativamente. Já não havia mais espaço. Em 2014, a congregação adquiriu uma nova casa, e o Centro Âncora passou a funcionar na sede atual, aumentando sua capacidade de atendimento de 12 para 18 pessoas. 


Nos dias atuais


Hoje, o Centro Ancora conta com uma equipe transdisciplinar, com uma visão definida do modelo de intervenção e uma prática que acumula experiência diante dos graves problemas que muitos religiosos e congregações, dioceses e a própria Igreja enfrentam. De 2012 até 2022, foram atendidas 646 pessoas, entre sacerdotes, religiosos e religiosas.


O nome Âncora


O nome Âncora faz referência à analogia de um barco em nossas vidas. De tempos em tempos é preciso parar para manutenções e então, voltar a lançar-se ao mar. O processo de revitalização poderia ser visto como um momento de “lançar âncora”, fazendo uma parada para depois retomar o percurso, deixando-se conduzir por Deus.